quinta-feira, 22 de junho de 2017

Chegar a casa

....vinda do velório de duas das vítimas dos incêndios, e ler o recado que ela escreveu à pressa para mim, limpa-me a alma:



Foi um ambiente pesado.

Ainda há 4 meses atrás o casal me dava os sentimentos a MIM.

Das muitas coisas que não me consigo lembrar daquele dia, uma não esqueço: o seu olhar, azul e  profundo nos meus olhos. Apaziguou-me. Não sei porquê, senti paz com ela.

Ele, abraçou-me, e disse que eu tinha de ser forte. Ninguém devia partir assim, aos 37 anos de idade. Muito novo.

Foi em Janeiro.

Hoje é Junho... e abraço-a novamente. Continua com o olhar azul penetrante. Transmite calma e, sempre preocupada com os outros, perguntou-me pelas minhas meninas.

Numa infeliz troca de papéis, agora é ela que se está a despedir do marido.

Ele... que partiu com 37 anos!

Foi por tudo isto que, o que eu mais precisava era de acordar a minha filha. Abraçá-la (independentemente do calor que estava), olhar para ela, dizer que a mãe já chegou e adormecer ao seu lado.

Hoje a mãe não vai ralhar para que ela vá para a sua cama.

Hoje vamos dormir de mãos dadas.

Estamos aqui. Está tudo bem.


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Tenho 36 anos e sou viúva *

O meu marido foi descansar em janeiro de 2017 . Digo foi descansar, porque acredito que só morre verdadeiramente quando nos esquecer-mos...